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UMA REFLEXÃO SOBRE O TEMPO QUE ESTAMOS A VIVER

  Por Galopim de Carvalho  Professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Geologia e Sedimentologia. Foi...

terça-feira, 30 de junho de 2020

AS CRISES AMBIENTAIS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE EXIGEM, EM EMERGÊNCIA[1], UMA RESPOSTA ADEQUADA DO SISTEMA EDUCATIVO


Por António Santos Veloso
Fundador e Diretor do ex- IDARC_Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Centro
E  ex-administrador do Programa do Mondego (CCDRC), do Conselho Fiscal da BRISA 
Antigo presidente do FFH_ Fundo de Fomento da Habitação
Engenheiro, membro do Conselho Científico-Pedagógico do Cefop.Conimbriga
1 - AS CRISES AMBIENTAIS, PROBLEMAS 
Qualquer das pessoas bem informadas a que me estou dirigindo atualmente não terá dúvidas sobre a gravidade das ameaças que pesam sobre a humanidade, pelas evidências das crises ambientais que enfrentamos: 
A 6ª Extinção da Biodiversidade, em curso, que não constitui uma ameaça menor que a climatérica, até porque também contribui para as alterações climáticas, mas cujas soluções são mais difíceis e morosas. 
Não sou capaz de dizer que a sua solução seja menos urgente. Veja-se o que se passa com a destruição da floresta do Amazonas, o pulmão da Terra, para criar gado que emite metano, TAMBÉM causador de efeito de estufa, em vez de descarbonizar a atmosfera e ser um património único em potencial de biodiversidade! Veja-se o que se passa no nosso País e na Austrália com a crescente eucaliptização, mesmo depois dos catastróficos fogos rurais de 2017!... Estes grandes incêndios têm influência na carbonização da atmosfera. E com menos floresta, cada vez menor descarbonização, com o aumento do Efeito de Estufa que faz subir a temperatura da atmosfera e do mar, por sua vez com danos muito graves para a biodiversidade. Um ciclo, com propriedade, infernal, escatológico, pelo que vemos nos noticiários, muito mau para a natureza e para a vida da humanidade. O indicador que pode demonstrar que a espécie humana está gastando mais recursos naturais do que deve para não destruir os ecossistemas do planeta e respetivas espécies é o da Pegada Ecológica, que contabiliza toda a área biologicamente produtiva necessária para suportar as necessidades de um individuo ou população de determinada região em alimentação, fibras, produtos florestais, sequestro de carbono e área para infraestruturas. 



A tendência geral tem sido de crescimento. Por vezes diminuímos devido a investimentos em energias limpas e eficiência energética, mas logo voltamos a consumir mais! Ninguém quer ser “subdesenvolvido”! 

O DIA ANUAL de SOBRECARGA da TERRA (Earth Overshoot Day) é o primeiro dia do ano em que a humanidade acabou de esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar nesse ano. Em 2019 foi assinalado a 29 de julho, a data mais recuada desde que o défice ecológico se iniciou na década de 1970. Isto é, cada ano que passa os recursos se esgotam mais depressa do que no ano anterior, porque somos mais, gastamos mais do que nos competia. 

Em termos mundiais estamos a gastar 1,75 vezes os recursos da Terra. Mas os países da OCDE gastam muito mais. Não existe equidade, como se pode ver no quadro em baixo: 


Os países da OCDE
consomem muito mais que 1,75 vezes
os recursos da Terra                                                                   ← E os U.S.A. 5 vezes


← Portugal não deve usar 2,5 vezes os recursos que, em equidade, lhe cabem.



A chamada Alteração Climática, considerada mais urgente porque provoca fenómenos catastróficos ou muito graves e críticos, de efeitos mais desastrosos. Exige soluções de curto prazo por ser possível que as suas causas cheguem a um ponto crítico de consequências muito graves e irreversíveis. 

Enunciemos as consequências atuais desta crise da Alteração Climática que criámos com a nossa leviandade e cupidez, em síntese, o agravamento súbito e crescente dos aspectos negativos dos fenómenos climatéricos de todo o tipo, em especial devido ao aumento da temperatura atmosférica e dos oceanos, provocando crises locais, nacionais e em regiões continentais, com grande número de mortos, de feridos e graves prejuízos sociais, económicos e ambientais. Em muitos casos não é possível no curto/médio prazo, ou definitivamente, readquirir-se a qualidade de vida anterior. Aliás a experiência mostra que muitos destes fenómenos estão instalados de forma periódica (veja-se os tufões que entram pelo Vale do Baixo Mondego) ou em continuidade, como a instalação de um clima mais seco, com pressão desertificadora. Damos como exemplo: 

· Chuvas com uma intensidade nunca vista, causando inundações gravíssimas e inusitadas, pondo em evidência as insuficiências do planeamento urbano, e as infraestruturas hidráulicas e outras de prevenção de cheias e de aproveitamento de água; 

· Outras alterações do clima, em que a característica principal é o aumento da temperatura média em muitos casos pontuais em mais de 2º. Este aspeto obriga à mudança de certas culturas tradicionais. É notório que o sobreiro e a azinheira atualmente dão-se melhor nas Beiras, aspeto que devia ser aproveitado para dar maior resiliência à floresta nesta região, do que no Alentejo e Algarve. Mais ao sul, outros aspectos são em certas zonas, como no Alentejo e no Algarve, períodos de secas graves, muitos dos quais gerando situações quase permanentes de escassez de água e de humidade que obriga a mudar, para culturas mais pobres ou caras, o aproveitamento dos solos, assim como a adotar medidas, caras e trabalhosas, de combate à desertificação física dos territórios e suas consequências. O problema da falta de água e das medidas para diminuir estes fenómenos de seca e os minorar são soluções complexas para as quais as administrações do Terreiro do Paço revelaram manifesta incapacidade. Faltam administrações regionais, com órgão dirigentes eleitos, e por via disso obrigados a encontrar com perenidade soluções adequadas aos aspectos agroecológicos, sociais e empresariais. Só uma administração regional (regionalização administrativa), mobilizando universidades, associações de empresários e de agricultores e autarquias tem capacidade para elaborar, e ainda mais, concretizar um adequado planeamento do território e das medidas do seu desenvolvimento sustentável. 
Levámos 200 mil anos para sermos o 1º bilião (em 1800), 123 anos (1930) para o 2º bilião e apenas 100 para 8º bilião (2030). 

· O GRANDE CRESCIMENTO POPULACIONAL MUNDIAL, resultante da moderna medicina, respetivos serviços, e do aumento da capacidade alimentar, não é, politicamente correto considerar um aspeto crítico causador destas crises ambientais e simultaneamente uma das principais dificuldades à suas soluções. Mas é óbvio que assim é! Claro que aumenta consideravelmente as necessidades materiais da humanidade e, portanto, pressão humana sobre a biodiversidade e todo o tipo de recursos naturais: solos aráveis e água, em especial nas regiões mais pobres e de maior crescimento demográfico, por sua vez gerando mais poluição nos países em que não existe capacidade económica para a utilização das moderna tecnologias em energias limpas, e em economia circular, em especial na reciclagem de lixos. Tudo isto, a par do aumento da gravidade dos fenómenos atmosféricos, resultantes do aumento do CO2 e do metano na atmosfera que provocam o referido EFEITO DE ESTUFA. 

Este irracional crescimento populacional, além da também irracional continuação da exploração dos territórios ex-colónias, por outras formas, neocoloniais, é demonstrativo de que a sabedoria humana, em especial a política, subjugada ao novo e concentrado poder financeiro, não acompanha a do extraordinário e muito rápido desenvolvimento científico e tecnológico que poderia ajudar a resolver, em tempo, todos os problemas ambientais que defrontamos se houvesse uma distribuição equitativa dos frutos deste desenvolvimento científico e tecnológico. Assim não sendo, este desenvolvimento fica mais do lado do crescimento dos problemas devidos ao crescimento dos consumos e respetivas más consequências, do que do lado das soluções. Veja-se o extraordinário crescimento demográfico e respetivos problemas sociais, como a fome e a violência, nestes países pobres do sul e a pressão tão ameaçadora sobre as democracias do norte, das tentativas de êxodo, para este norte da qualidade de vida e do emprego, destas populações do sul. 

A Extinção de paisagens naturais e seus constituintes pela pressão demográfica diminui a transformação do CO2 em oxigénio. A extinção destes ecossistemas tão essenciais à descarbonização da atmosfera e a outros equilíbrios do nosso planeta, à sobrevivência da vida biodiversa no planeta, constitui uma ameaça muito séria ao nosso futuro, mas em especial ao dos nossos netos, à própria sobrevivência da humanidade. 

A solução destas crises e, como consequência, a emergência das necessidades de mudança de formas de energia e de transportes poluentes e carbonizadores para outros sustentáveis (novas energias), e de muitos outros usos e hábitos desta sociedade consumidores ou poluidores dos escassos recursos naturais, são tão urgentes, que nos parece não prescindir de uma EMERGÊNCIA EDUCATIVA. 

Há que transformar esta sociedade de consumo, egocêntrica, violenta, antropocêntrica e etnocêntrica, numa sociedade mais pacífica, solidária e poupada, amando o Planeta Terra e sua Natureza, NOSSA NAVE DA VIDA. 

A SOLUÇÃO DESTES PROBLEMAS É POSSÍVEL. Temos um desenvolvimento científico e tecnológico que nos põe ao dispor soluções inovadoras e sustentáveis, como as das novas energias! Temos recursos financeiros suficientes, caso sejam distribuídos com justiça, em vez de se continuar a concentrar o capital, tão necessário aos novos investimentos pró-ambientais, os quais trarão novos empregos. 

MAS TEMOS DE AUMENTAR O CONHECIMENTO DA GRAVIDADE DAS SITUAÇÕES AMBIENTAIS, DAS SOLUÇÕES A ADOPTAR E DA NECESSIDADE DE SERMOS SOLIDÁRIOS E PRO-ATIVOS NO ES ESTUDO E PLANEAMENTO DAS SOLUÇÕES E NA SUA CONCRETIZAÇÃO. 

SE FIZERMOS ASSIM, PODE SER QUE NOS ESQUEÇAMOS DE FAZER A GUERRA DENTRO E FORA DE “CASA”. 

A CONCRETIZAÇÃO DESTA POLÍTICA NÃO DISPENSA, NATURALMENTE, UMA EMERGÊNCIA EDUCATIVA COM ESTES PROPÓSITOS! POR EXEMPLO, O CONTROLE DA NATALIDADE CONSEGUE-SE COM O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, SOCIAL E CULTURALISTO EXIFE UM BOA POLÍTICA EDUCATIVA. 

O OBJETIVO DESTA SESSÃO é o de explicitar a necessidade de se promover esta EMERGÊNCIA EDUCATIVA nas escolas do ensino básico, secundário e complementar, BEM COMO DE EDUCAÇÃO INFORMAL DA SOCIEDADE, ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO SIOCIAL E DE MOVIMENTOS SOCIAIS SOLIDÁRIOS. 

Nesta sessão procuraremos iniciar a discussão das estratégicas e táticas a adotar com vista à mobilização eficaz da sociedade para ESTE BOM COMBATE. 


2. A PARTICIPAÇÃO DAS ESCOLAS NAS SOLUÇÕES DA EMERGÊNCIA AMBIENTAL: ESTATÉGIA 

O objectivo desta sessão é o de propor que a ESCOLA pense qual deverá ser o seu papel nos propósitos enunciados atrás, naquilo que ameaça toda a humanidade, nos seus diferentes escalões – básico, secundário e complementar. 

Temos de começar por informar sobre as situações das crises ambientais e suas emergências: 

· Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, daqui a DOZE ANOS (2030) provavelmente não seremos capazes de desfazer os erros que estamos a cometer para a alteração climática. 

· Durante esse período têm de ser feitas mudanças, sem precedentes, em todos os quadrantes e modos de vida da humanidade MAIS CONSUMIDORA, em especial uma redução de pelo menos 50% das emissões mundiais de CO2. 

· Estes valores não incluem a QUESTÃO DA EQUIDADE, absolutamente necessária para fazer o Acordo de Paris funcionar a uma Escala Global. A Questão da Equidade significa que os países ricos têm de reduzir as emissões até zero dentro de seis a doze anos para que as pessoas dos países mais pobres possam melhorar o seu nível de vida. 

· Todos os movimentos políticos nos moldes presentes falharam. Os meios de comunicação TAMBÉM falharam por não terem conseguido consciencializar os públicos. 

Temos de apoiar ou criar os movimentos que constranjam os políticos a agir, com a urgência necessária no bom sentido. NÃO SE ESTÁ A CUMPRIR O ACORDO DE PARIS CONFORME DENUNCIA A ONU! LEIAM OS DISCURSOS DO SEU SECRETÁRIO GERAL ANTÓNIO GUTERRES. 

Estes movimentos, onde os jovens e as universidades, são o elemento decisivo têm de ajudar os jovens dos países em vias de desenvolvimento a alcançar este desiderato, e têm de exigir aos países desenvolvidos o apoio eficaz a estes países! Esta é a solução para fazer com que as migrações que amedrontam as populações dos países desenvolvidos – fazendo crescer as politicas populistas – se transformem em movimentos correntes migratórias legais de pessoas preparadas para o trabalho organizado e legal, compensado. Os países ricos, com falta de população jovem também precisa de concretizar esta política. 

Aliás muitos políticos e sua comunicação social servem os grandes e diferentes interesses que não contribuem para a solução, pelo contrário: da indústria do petróleo, do armamento, da eucaliptização, da produção de carne, quer a intensiva gastando 3 a 5 vezes mais cereais do que se os consumismos diretamente, ou pastando em territórios roubados às florestas, incluindo as florestas tropicais. O mesmo se passa na Ásia com os palmares para a produção do óleo de palma. 

Segundo a jovem ativista GRETA THUNBERG, “o Homo sapiens ainda tem algum tempo para dar a volta à situação. Mas, a não ser que reconheçamos o falhanço dos sistemas atuais, não vamos ter qualquer hipótese. Estamos a enfrentar um desastre que causará um sofrimento inimaginável a enorme número de pessoas. Agora é o momento de falarmos com clareza. Preto no branco, ou escolhemos continuar a ser uma civilização ou não! Não há áreas cinzentas!” 


3. AS RAZÕES CULTURAIS E SOCIAIS PARA A ATUAL SITUAÇÃO DA HUMANIDADE. RESPOSTAS 

CULTURA DOMINANTE Þ Génesis 1:26-28 

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança; e domine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre o gado, sobre toda a terra (…). 

E Deus criou o homem à sua imagem; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: frutificai e multiplicai-vos; e enchei a terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. 

Resultados à vista: com 8 biliões de humanos, a caminho de 10 biliões em 2100, respetivos consumos, poluições e carbonização, que a ciência poderá resolver? Mas haverá espaço para salvaguardar as biodiversidades?... Será possível estabilizar sociedades com um mínimo de crescimento económico e demográfico!... O que exigirá melhor distribuição de rendimentos e de recursos da Terra? 

Por este motivo deveríamos ter sido mais cautos em evitar um crescimento humano tão abraâmico!... Nesto aspeto não seremos semelhantes a Deus!... 

Mas as ciências e a cultura ecologista impuseram-se, pela razão, as suas ideias, os resultados do seu estudo!... 

E as Igrejas vão mudando. Também é possível, como vemos, mudar de teologia!... É possível mudarem-se algumas interpretações do LIVRO das religiões abraâmicas, Judia, Cristã de Islâmica! Escute-se, por exemplo, S. Francisco de Assis[2], no século XIII, o amigo do “Poverello”[3]

(…) Louvado sejas, meu Senhor 

Com todas as tuas criaturas, 

Especialmente o senhor Irmão Sol, 

Que nos traz o dia 

E a luz que nos aquece, 

No seu grande esplendor 

de ti, Altíssimo, é a imagem. 

Louvado sejas, meu Senhor, 

Pela Irmã Lua e as Estrelas, 

Que no céu formaste 

Preciosas e belas. 

Louvado sejas, meu Senhor, 

Pelo irmão Vento, 

E todo o tempo 

Com que às tuas criaturas dás sustento. 

Louvado sejas, meu Senhor 

Pela Irmã Água, 

Tão útil e humilde 

E preciosa e casta. 

Louvado sejas, meu Senhor, 

Pelo Irmão Fogo 

Com que aqueces a noite, 

Ele que é belo e agradável 

E vigoroso e forte. 

Louvado sejas, meu Senhor 

Por nossa irmã a Mãe Terra, 

Que nos sustenta e governa 

E produz frutos diversos 

E flores coloridas e plantas (…) 



O Poverello de Jacutinga, Brasil, mostra São Francisco de Assis com roupa remendada, falando com os pássaros, os peixes e o lobo. Construído em 1979 pelo Mons. Vieira 

A Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco vem alinhar-se com o movimento ecológico, citando S. Francisco: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã Terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras. As sociedades também podem e devem mudar. 



No que respeita à uma atualização Teológica, ou interpretação do LIVRO da religião com a ciência, devemos também destacar o Teólogo e paleoantropologista Teilhard de Chardin (1881-1955)[4], reabilitado pelo Vaticano II, e a sua Noosfera, retomada pelo grande cientista russo Vladimir Vernadsky. (completar!) 

"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento antirreligioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito." (Teilhard de CHARDIN, O Fenómeno Humano). 

Citando a Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Teilhard_de_Chardin), “como geopaleontólogo, Teilhard de Chardin estava familiarizado com as evidências geológicas e fósseis da evolução do planeta e da espécie humana. Como sacerdote cristão e católico, tinha consciência da necessidade de um metacristianismo que contribuísse para a sobrevivência do planeta e da humanidade sobre ele. No cerne da questão está a visão filosófica, teológica e mística de Teilhard de Chardin a respeito da evolução de todo o Universo, do caos primordial até o despertar da consciência humana sobre a Terra, estágio esse que, segundo ele, será seguido por uma Noogénese, a integração de todo o pensamento humano numa única rede inteligente que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera, que recobrirá toda a Biosfera Terrestre. A orientar todo esse processo, existe uma força que age a partir de dentro da matéria, que orienta a evolução em direcção a um ponto de convergência: o Ponto Ômega. Teilhard sustentava a ideia de um Panenteísmo cósmico: a crença de que Deus e o Universo mantém uma criativa e dinâmica relação de progressiva evolução. 

Notas:

[1] Emergência foi aqui utilizada de acordo com o Dicionário Português On Line: situação de emergência significa caso urgente. De acordo com o Dicionário de Sinónimos On Line: sinônimos.com.br. Característica do que é urgente: significando emergência, premência, necessidade, pressa e rapidez, prontidão, brevidade. Tudo relativo a uma situação grave: tendo como significado incidente, contingência, imprevisto, gravidade, crise


[2] Imitando a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas dos semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Foi original quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação num tempo em que o mundo era visto como essencialmente mau, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação da sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença


[3] A antropologia de Francisco de Assis é teocêntrica e relacional, estão unidos Deus e o Homem, particularmente o Homem frágil, que Francisco serve na pessoa do leproso. A antropologia de Francisco é cósmica e abrangente. Francisco vê nas criaturas a significação do Criador, de quem elas nos dão imagem. E numa relação fraterna, experimentando a pobreza na fraternidade, não só entre os Irmãos, mas também com as criaturas todas suas irmãs, numa oração dialogante e num louvor orante, Francisco restitui tudo a Deus-Trindade, restitui tudo Àquele que tudo criou do nada. 

ÁLVARO CRUZ SANTOS DA SILVA «ATTENDE, O HOMO» Uma Leitura Antropológica dos Escritos de São Francisco de Assis. https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/14951/1/AlvaroCruzDaSilva_Tese.pdf


[4] Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Legou uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal-entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Do lado da Igreja Católica foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China durante 30 anos, confinando aqui a sua investigação paleoantropológica. Da discussão de ideias suas no concílio Vaticano II, depreende-se o respeito de católicos e sua hierarquia (incluindo os papas João Paulo II e Bento XVI), e de filósofos atuais. Seus ensinamentos teológicos foram citados pelo Papa Francisco na encíclica de 2015 , "Laudato si". No entanto a resposta a seus escritos por biólogos evolutivos tem sido, com algumas exceções, decididamente negativa. Em 1951, mudou-se para Nova York, a convite da Fundação Wenner-Gren, que patrocinou duas expedições científicas na África para pesquisar as origens do homem sob sua coordenação. Teilhard de Chardin faleceu em 10 de abril de 1955, num domingo de Páscoa, em Nova York.

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