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UMA REFLEXÃO SOBRE O TEMPO QUE ESTAMOS A VIVER

  Por Galopim de Carvalho  Professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Geologia e Sedimentologia. Foi...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O património do falar




           

José d' Encarnação


Professor Catedrático, desde 1991, na Universidade de Coimbra onde ingressou como docente em 1976. Está aposentado desde Julho de 2007. Membro do Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto.


Quando a União Soviética ocupou a Moldávia, uma das primeiras preocupações foi determinar que se adoptasse o alfabeto cirílico e não o latino, porque, como se sabe, o Romeno é uma língua românica. E chegaram ao ponto de ordenar a destruição das placas funerárias nos cemitérios – para que a memória se apagasse.
            Uma das drásticas medidas impostas pelos Indonésios aquando da ocupação de Timor foi a total abolição da Língua Portuguesa, com as consequências que, ainda hoje, estamos a sentir, embora Xanana Gusmão e seus partidários, educados como haviam sido nas escolas portuguesas, tenham determinado, sem hesitação, que seria o Português a língua oficial de Timor Leste.
            Já não nos causa impressão ver, em Bruxelas, tudo escrito em francês e em flamengo, ainda que seja quase ridículo que, na zona flamenga, alguém nos responda «não compreendo» só porque estamos a falar-lhe em francês…
            Conhecida a longa tradição de luta pela autonomia, também não nos admira que, no aeroporto de Barcelona, se leia uma placa trilingue: em catalão, em inglês e só em terceiro lugar venha o castelhano.
            E encontramos placas toponímicas bilingues nas várias províncias espanholas, na Irlanda, no País de Gales, inclusive em Miranda do Douro!… E aqui (Fig. 1) com o pormenor de, mui significativamente, ser o mirandês que vem em primeiro lugar!

Fig.1
            Já nos poderá causar mais estranheza ao saber que, em Toulouse, os nomes das ruas estão em francês e em occitano (ou provençal), língua ancestral que já ninguém entende nem fala!... (Fig. 2).

Fig. 2
            Conclusão: o falar é um património, revelador da nossa identidade, das nossas raízes!
                                                                       José d’Encarnação

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