Comunicação
apresentada à Conferência realizada em Lisboa (Palácio da Ajuda), a 26 de
novembro de 2018, sobre a obra teórica de XI Jinping, organizada pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado
da China, a Embaixada da República Popular
da China em Portugal e o Grupo da Publicação Internacional da China. Presidida pelo vice-ministro do Departamento de Comunicação do CC do PCCh. Wang Xiaohui, tev a presença do embaixador Cai Run, dos representantes da Liga de Amizade com a China, Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa, da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-China_CCDPCh, entre outros
António dos Santos Queirós, professor e investigador,
Centro de Filosofia da Universidade de
Lisboa,
Secretário-Geral da Câmara de Comunicação e
Desenvolvimento Portugal-China_ CCDPCh
A China é cofundadora da Declaração
Universal dos Direitos do Homem
A adotada pela ONU em 10 de Dezembro de 1948 (A/RES/217), foi esboçada inicialmente por J. P. Humphrey, do Canadá e teve no Dr. P.C. Chang, representante da República Popular da China_RPCh e das posições dos países asiáticos, o principal mediador dos consensos estabelecidos nos seus 30 artigos.
O que o seu Artigo 21º prescreve é o caminho para a cidadania e para a diversidade dos regimes democráticos, que não reconhece nenhuma superioridade à democracia liberal.
O Socialismo Com Características Chinesas
No ato de fundação da República Popular da China foi essa a via proclamada, o de uma Nova Democracia, que depois ficou consagrada no artigo 6º da Constituição, onde se define o conceito original de “Socialismo com caraterísticas chinesas”, baseado no Sistema de Cooperação Multipartidária e Consulta Política e nas Assembleias Populares, mas também um novo sistema económico, com o predomínio da propriedade pública.
O pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Caraterísticas Chinesas para uma Nova Era
O pensamento político de Xi Jinping inscreve-se nessa tradição democrática e humanista da filosofia política que nasceu da tragédia da II Guerra mundial, quando reafirma, internamente, que a contradição principal na sociedade chinesa é agora entre o crescimento das necessidades materiais e culturais do povo e o baixo nível de produção ( que anteriormente Hu Jintao enfatizara no seu contributo teórico denominado “A perspetiva científica como base do desenvolvimento _2002).
Ao mesmo tempo que Xi Jinping defende, como orientação para a política internacional, que cada país tem o direito de escolher o seu caminho para a modernidade e proclama a via da paz para a construção de um destino comum para a humanidade ( Prosseguindo e atualizando assim os 5 princípios da coexistência pacífica, outrora anunciados ao mundo por Zhou Enlai:
E cito o presidente Xi Jinping:
A China oferece uma alternativa ao modelo ocidental de modernização e aumenta a confiança e a determinação de muitos países em desenvolvimento, que procuram encontrar o seu próprio caminho para a modernidade.
Uma grande estratégia para a paz
Dos 5 princípios da coexistência pacífica À Nova Rota da Seda
A estratégia internacional da China integra:
“Uma estratégia militar de autodefesa”, que recusa e se opõe à hegemonia, e às alianças militares.
”Uma estratégia operacional” de cooperação que recusa a subalternização da ONU e preconiza a aplicação integral da sua Carta
“Uma estratégia de defesa nacional” assente já não apenas na prosperidade geral da nação, mas na transição ecológica da economia e da sociedade, recuperando o património natural da China, sob a consigna, “A China Formosa”. E que assenta também
na construção da paz e prosperidade mundial, servidas pela criação de uma nova Rota da Seda, numa lógica de cooperação e partilha internacional do comércio que atrevesse todos os continentes.
Esta visão política de conjunto realiza “O Sonho Chines” da plena soberania nacional, com a reintegração pacífica de Hong Kong, Macau e Taiwan.
A República Popular da China é a primeira potência mundial da história moderna da humanidade cuja economia não depende das indústrias de guerra para o seu crescimento e sustentabilidade, e encontra na promoção da paz, da cooperação internacional e do desenvolvimento comum, a fonte da sua prosperidade. Por isso escrevemos que a proposta de Xi Jinping de construção conjunta da Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota marítima da Seda do Século XXI, é a Nova Rota da Seda para a Paz.
A Nova Rota da Seda para a Paz
A superioridade desta proposta sobre os tratados internacionais em vigor reside, em primeiro lugar no acesso ao crédito a juros baixos para todos os países, segundo, no respeito pela decisão soberana de cada um sobre a escolha dos seus projetos estratégicos e, terceiro, na posição da China como parceiro que não procura a hegemonia.
A China e Cooperação Internacional para a paz, o desenvolvimento e a defesa do ambiente Cooperação Sul-Sul
A Cooperação Sul-Sul promovida pela China pode ser definida pelas suas medidas políticas fundamentais: isenção de direitos aduaneiros e o “perdão da dívida” concedido aos países menos desenvolvidos (PMDs) e, na sequência da última cimeira China-África, a celebração de acordos com 37 países para a construção e modernização da economia, bem longe do modelo de saque neocolonial das matérias-primas. A Cimeira de 2018 constituiu um acontecimento de enorme importância para a União Europeia, que, com a ajuda da China ao desenvolvimento sustentado da economia africana e o seu apoio à ação da ONU naquele continente, verá diminuída a pressão dos refugiados e emigrantes africanos que fogem da guerra e da miséria.
Os dois centenários
O pensamento de
Deng Xiaoping, herdeiro do pensamento de Mao Zedong sobre o socialismo com
caraterísticas chinesas, enfatizou que a China está na primeira etapa do
socialismo e permanecerá assim por um longo tempo. Deng previu que tal percurso
vai durar mais de cem anos, estabelecendo três tarefas históricas para avançar
na modernização socialista:
_ alcançar a reunificação nacional,
pacificamente e aplicando o conceito de um país dois sistemas.
_ salvaguardar a paz mundial
_ promover o desenvolvimento comum
Xi Jinping,
teorizou as duas etapas mais próximas, designadas como “dois centenários”, o do
partido, fundado em 1921, cuja meta é a construção integral de uma sociedade
moderadamente próspera e o centenário de fundação da República Popular da
China, em 2049, que realizará a construção de um país socialista moderno em
todas as regiões da China e para as suas 56 nacionalidades.
China 1949_2016 RPChina 800 milhões retirados da pobreza
O que significa
então entrar numa Nova Era? Significa deixar para trás a fome, a falta de
instrução e de cuidados de saúde, a economia atrasada, as profundas
desigualdades sociais e entre a cidade e o campo, o desemprego crónico, e
erradicar a pobreza, realizando o maior feito social da história moderna_ um
imenso país sem pobres nem analfabetos! 800 milhões de cidadãos retirados da
pobreza!
A economia socialista de mercado
O pensamento de
Xi Jinping desenvolveu a política de Reforma e Abertura, tendo como eixo um
novo conceito da economia política, “A economia socialista de mercado”, melhor
teorizada nos Relatórios do 18º e 19º Congresso do Partido Comunista da
China_PCCh, cujos princípios de governação podem ser resumidos numa fórmula
simples: O governo pretende que o mercado decida, mas não lhe concede todo o
poder.Intervirá quando o mercado falhar.
Nesses
documentos começa a nascer uma nova contribuição filosófica, inovadora, mesmo
para a tradição marxista-leninista, a teoria do socialismo ecológico e da
ecocivilização, cujos princípios passam a integrar os próprios estatutos do
partido comunista e a orientar a governação da China socialista.
O problema do aquecimento global: A responsabilidade da China, da
Europa e dos EUA
Neste ponto, é
preciso analisar à luz da ciência e da história, a ideia generalizada de que a
China é o país mais responsável pelo aquecimento global e a crise ambiental. Os
dados seguintes permitem lançar nova luz sobre a questão.
Segundo a
agência europeia do ambiente, a NEEA, se todo o CO2 presente na atmosfera hoje
fosse dividido entre os países responsáveis por suas emissões, os EUA seriam
responsáveis por 27% do total, a União Europeia por 20%, enquanto à China caberiam 8%.
O Socialismo Ecológico. 18º e 19º Congressos do PPCh A China Formosa
Nos estatutos de PCCh, sob a orientação do pensamento político de XI, pode ler-se agora:
O Partido Comunista da China conduz o povo para a promoção do progresso ecológico socialista.
O Partido Comunista da China, sob a liderança de XI, traçou uma nova orientação estratégica para combater a crise ambiental, centrada na criação de um novo modelo de desenvolvimento de baixo carbono. O seu maior símbolo é talvez o Laboratório Nacional para a Energia Limpa de Dalian, o mais avançado do mundo.
O Partido Comunista da China
O Partido
Comunista da China evoluiu de acordo com a Teoria das 3 representações de Yan
Zemin (2000), segundo o qual “..as razões pela qual o nosso partido contou sempre com o apoio do povo durante os
períodos históricos da revolução, construção e reforma, são:
Sempre representou as forças produtivas mais
avançadas de China,
Guiou-se pela cultura mais avançada
Defendeu os interesses fundamentais da
esmagadora maioria do povo chinês.”
Tornou-se assim
no maior partido político que a nossa época conheceu, crescendo sempre entre
todas as camadas sociais e etnias da China, atingindo 89, 5 milhões de
filiados, ao mesmo tempo que cresciam com ele os 8 partidos democráticos da
Frente Popular, para mais de 1.090.000
A participação
popular na militância partidária, é um dos índices mais seguros da qualidade da
democracia moderna. Os mais de 89 milhões de comunistas chineses, representam
um rácio de 1 para 15 habitantes, sem paralelo no mundo e que no quadro em presença
se podem comparar com os rácios dos maiores partidos portugueses: O PS, 1 para
94 e o PSD, 1 para 127
Ainda neste
campo, destacaremos também os contributos de Xi Jinping, para fortalecer a
qualidade ética do partido e do estado, “os quatro integrais”, a que poderíamos
chamar “os quatro imperativos ético-políticos”: a construção plena de uma
sociedade moderadamente próspera, liberta da pobreza; o aprofundamento da
reforma e abertura; o império da lei na administração do país e o
fortalecimento da disciplina partidária ao serviço da grande nação chinesa,
sobretudo na luta contra a corrupção, popularizada pelas consignas de “caçar os
tigres”, “esmagar as moscas” e “capturar as raposas.”
6 razões porque iniciar uma guerra comercial com a China é
uma má ideia
Finalmente, não
é uma boa ideia para o mundo, iniciar uma guerra comercial com a China.
Por razões que a
opinião política democrática dos EUA e da União Europeia e as ciências
económicas compreendem bem:
1) A China tem
capacidade de resposta
Muitos produtos
de consumo moderno estão hoje a preços acessíveis no mercado graças à China. O
PIB da China apenas depende em 37% da exportação, ao contrário, o PIB europeu
depende em mais de 80% das exportações. Tal como os produtos de menor valor
acrescentado da economia americana.
2) A
prosperidade de muitas grandes empresas depende da China
Starbucks (SBUX), Boeing (BA) and
Apple (AAPL, Tech30),
3) A China é um
grande investidor nos EUA e na União Europeia
4) As
multinacionais não promovem o regresso dos empregos ao seu país, dirigem-se
agora aos países de baixos salários
5) A moeda
chinesa não está subvalorizada,
6) A Nova Rota
da Seda constitui uma alternativa democrática aos tratados internacionais
injustos e a adesão da China à OMC concede-lhe o direito de usufruir na Europa
e no Mundo o estatuto de economia de mercado.
“Sem a China a economia mundial cairia em
recessão” (Relatório do FMI e do BM, 2016)
Mas sobretudo, e
estou a citar o próprio FMI e o Banco Mundial, porque sem a China a economia
mundial cairia em recessão.
E o mundo
empobreceria, pois é a China que passou a liderar o ranking mundial do PPP_ o Poder
de Compra Comparado, lugar que os EUA ocupava desde 1872, o índice que melhor revela
o nível de bem-estar da população de um país, aqui representado neste quadro.
Termino, com a
mensagem de Xi aos seus compatriotas e às nações de todo o mundo:
Somente com o progresso dos países em
desenvolvimento e dos países menos desenvolvidos do mundo, a China pode
crescer. Somente com a prosperidade dos países em desenvolvimento, a China pode
ser mais próspera. (19º Congresso do PCCh)
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