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quarta-feira, 28 de março de 2018

ACERCA DA SEGURANÇA SOCIAL E DA TSU. A REALIDADE E O DISCURSO POLÍTICO DE VIEIRA DA SILVA





Por José Veludo
Mestre em Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo

Infelizmente este Ex.mo Sr. Ministro não está só, tem nesta matéria e, paradoxalmente, como companheiros, Arménio Carlos da CGTP e o Partido Comunista, entre outros: para eles as empresas são todas iguais, e assim sendo devem pagar todas os mesmos impostos e contribuições percentuais (TSU).

Nos quadros que apresentamos em anexo, comparamos as empresas do setor têxtil, as quais têm tido este ano várias falências, (ex. grupo Ricon) com outras que fazem parte das 1.000 maiores do País, onde se incluem algumas das têxteis referidas, pertencendo as restantes às 1.000 maiores da zona centro.
Constatamos, que com o mesmo número de trabalhadores, enquanto as têxteis têm um Volume de Negócios (faturação) de 534,56 milhões de euros/ano, as outras o seu Volume de Negócios_ VN é de 21.926,65 milhões de euros.
O rácio de VN/Trab./ano, tem uma oscilação de 18.750 euros (Mundiveste), até aos 29.062.222 euros (Brisa).
A média por empresa têxtil é de €71.724, enquanto nas outras é de 2.943.174 euros. Para os citados, apesar destes dados, todas as empresas devem ser tratadas de igual modo, de acordo com as suas declarações públicas.
QUADRO I
EMPRESAS TÊXTEIS
VOL. NEG.
 € milnões
Nº TRAB.
RÁCIO VN/Trab./
Ano em euros
Resul. Líquidos
€ milhões
Italco Mod. Italia.
84,25
651
129.416
4,40
MODALFA
78,50
961
81.685
-5,87
RIOPELE
65,91
884
74.558
1,17
CONFESPANHA
55,60
612
90.849
0,10
MUNDOTÊXTIL
40,16
586
68.532
1,10
Têxteis J.F. Almeida
38,62
479
80.626
3,46
Farfetchportugal                    
37,38
611
61.178
-0,02
UNIFATO Conf. Do Centro
26,28
408
64.411
0,28
A PENTEADORA, S.A.
19,06
352
54.147
0,59
LUSOLÃ-Fios Têxteis S.A.
18,17
247
73.562
0,67
Davion Ind. Vestuário
13,97
224
62.366
0,04
TORRE Soc. Confeções
10,99
318
34.559
0,27
Fitecom-Comer. E Ind, Têxt.
10,57
145
72.896
0,37
Arcofato Ind Confeções
9,69
240
40.375
0,31
Tessimax-Lanifício, S.A.
7,74
211
36.682
1,24
Azuribérica Têxtil S.A.
6,60
210
31.428
0,33
Têxtil Manuel R. Tavares SA
5,99
121
49.504
0,001
Solpraia Confeções S.A.
2,60
96
27.083
0,05
Lousatêxtil malhas e bord.
1,28
33
38.787
0,12
Mundiveste Ind, Vestuário
1,20
64
18.750
0,03
TOTAL
534,56
7.453
71.724
14,531
Dados de 2016

Existem alternativas
A proposta que defendo (e não estou sozinho), em alternativa, é de baixar a TSU em 9,75%  e somar-lhe uma Contribuição de Responsabilidade Social_CRS sobre a faturação, no valor de 1%, vejamos com que resultados:
Considerando salários médios de €680x14 meses teriam uma redução da TSU de 6.917.874 euros, mas aumentaria como defendemos 1% do VN no montante de 5.345.600, logo (6.917.874-5.345.600) = 1.572.274.
Assim, cada uma destas empresas teria em média, uma redução anual de TSU no valor de € 78.613,70.
Temos outros defensores do grande capital, que defendem a baixa de 2% do IRC, globalmente neste caso, corresponderia a 290.620 euros, o que igualmente em média cada empresa beneficiaria de €14.531,00
Comparemos agora com outras empresas que empreguem número idêntico de trabalhadores
QUADRO II
EMPRESAS
VOL. NEG.
 € milnões
Nº TRAB
RÁCIO VN/Trab./
Ano em euros
Resul. Líquidos
€ milhões
PETROGAL
7.516,77
1.575
4.772.552
15,48
EDP COMERCIAL
3.186,02
197
16.172.690
24,19
EDP Energias de Portugal
2.608,18
460
5.669.956
758,03
EDP DISTRIBUIÇÃO
2.511,52
3.075
816.754
303,00
REPSOL PORTUGUESA
1.688,32
222
7.605.045
52.41
NOS
1.345,46
1.147
1.173.025
29,54
Navigator Tissue Rodão
1.404,93
242
5.805.495
40,57
REPSLOL POLÍMEROS
635,60
482
1.318.672
108,34
BRISA Conces. Rodoviária
523,12
18
29.062.222
91,68
PRIO SUPPLY
506,73
32
15.835.312
3.80
TOTAL
21.926,65
7.450
2.943.174
1.427,04
Dados de 2.016
A baixa de TSU neste caso, com salários iguais, teria uma redução de 6.915.090, mas a CRS de 1% seria de 219.266.500 menos os 6.915.090 =212.351.410, logo em média cada empresa teria de pagar mais 2,123 milhões de euros por ano.
Como se demonstra ganham as pequenas empresas, assegurando-se ainda a sustentabilidade da Segurança Social.
Nestas empresas a baixa de 2% de IRC global seria de 28,54 milhões de euros, o que em média daria a cada empresa 2,85 milhões de euros. O resultado, é que em média cada uma destas empresas receberia 196,13 vezes mais do que as primeiras.
Pensamos assim ter demonstrado, que por conservadorismo, por falta de abertura ao debate de novas propostas ou seja por outros interesses, sua Exª o Ministro, Arménio Carlos e o PCP, defendem objetivamente os interesses do grande capital, e não o da segurança social e dos trabalhadores.



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