Sempre a política se serviu da religião como esteio
fundamental. Logo o imperador Augusto, pontífice máximo, não proibiu que se
organizasse culto em sua honra; que o templo principal dos foros, ainda que dedicado
oficialmente à tríade capitolina ou a Júpiter Óptimo Máximo, pudesse ter lá a
sua estátua em pose de Apolo… E como tal tem sido interpretado, pois, o templo
do fórum conimbricense.
Os flâmines
e as flamínicas, eleitos dentre os cidadãos influentes; o colégio de sêxviros
escolhidos no seio dos libertos endinheirados – constituíam o escol encarregado
de não deixar esmorecer o númen divino imperial!
Homenageou-se
em Conimbriga a Piedade Augusta, uma das virtudes maiores de génio imperial, a
honrar o seu compromissos de favorecer os cidadãos. Os Rémetes Augustos –
estranha designação de que ainda se não encontrou paralelo – poderão ter sido
divindades das águas, por a placa ter sido encontrada num local que Vergílio
Correia identificou como balneário público, o que não deixa também de ser
significativo, porque dá a impressão de, num lugar de grande afluência de
gente, se querer assinalar a devoção a Augusto (o imperador), vestindo-o,
todavia, de uma roupagem identitária…
E se é apenas verosímil a
existência de Lúcio Papírio, flâmine provincial que homenageou o divino
Augusto, o pequeno pedestal erigido em Mérida em honra de Vespasiano por
intervenção doutro flâmine provincial, Marco Júnio Latrão, conimbricense, é
prova de que a cidade não descurou as suas obrigações perante o poder central.
Em
primeiro lugar, sublinhe-se o facto de, no quadro das cidades lusitanas, um
notável de Conímbriga ter sido, nesse mandato dos anos 76/77, ter sido eleito
flâmine provincial, dentre, seguramente, diversos candidatos. Tal dignidade
significava prestígio para si e para a sua cidade e demonstrava,
simultaneamente, cabal reconhecimento pelos seus pares de uma ligação profunda
– política, social e económica – a Mérida, a capital provincial e, por seu
intermédio, a Roma.
Há,
contudo, um outro pormenor não menos relevante: é que não se trata de uma
homenagem qualquer! É a província da Lusitânia que oferece – além do pedestal –
cinco libras de ouro (
José
d’Encarnação
Sem comentários:
Enviar um comentário