Viriato Soromenho-Marques
Professor catedrático de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa*
O
debate sobre as alterações climáticas está politicamente contaminado num
sentido diverso daquele que é muitas vezes apregoado nos meios de comunicação
social e nas redes informais. Não se trata apenas das conhecidas campanhas de
desinformação e “fake news” financiadas por sectores económicos ligados à
exploração de carvão, petróleo e outros combustíveis fósseis, tentando denegrir
os resultados da pesquisa científica, e a honorabilidade dos próprios
cientistas. O problema é mais fundo, residindo no próprio desenho da principal
organização responsável pela produção de relatórios globais; o Painel
Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), que reúne no âmbito da
Organização Meteorológica Mundial, o mesmo é dizer, das Nações Unidas.