Destaque

UMA REFLEXÃO SOBRE O TEMPO QUE ESTAMOS A VIVER

  Por Galopim de Carvalho  Professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Geologia e Sedimentologia. Foi...

sábado, 29 de outubro de 2022

CRISTIANISMO

 

Professor Catedrático, desde 1991, na Universidade de Coimbra onde ingressou como docente em 1976. Está aposentado desde Julho de 2007. Membro do Centro de Estudos de Arqueologia, Artes e Ciências do Património
É vulgar afirmar-se que o Cristianismo se difundiu mercê da estrutura romana, facilitadora do transporte de pessoas e de ideias, mormente por via de uma língua única (o Latim, no Ocidente). A natural propensão religiosa dos Romanos, aliada à liberdade de culto possibilitada pelo Édito de Milão (313), fez o resto.
Desde, o mais tardar, o século VI que se encontram, em Conímbriga, testemunhos epigráficos do culto cristão, de que a basílica aí identificada constitui, por seu turno, o documento maior.

Martúria, serva de Deus, viveu 33 anos, descansou em paz a 4 de Novembro de 522 (ou 532); Sereniano, servo de Deus, viveu quatro anos, descansou em paz a 24 de Novembro de 541 
(Fig. 1 – Foto de José Pessoa(c)ADF/DGPC – MMC_MN_00200) 
– dois exemplos de epitáfios cristãos. Nome único, porque bem reconhecidos entre a pequena comunidade; «servo de Deus», como louvor e sinal de pertença; menção do dia da morte, começo da verdadeira vida… «em paz»!

Nunca será de mais sublinhar essas diferenças evidentes: interessa quanto se viveu, sim, mas importa sobretudo assinalar o dia em que terminou o peregrinar terreno e se entrou no reino da paz! Pode, por outro lado, o defunto ter pertencido a famílias ilustres, de onomástica reconhecida; contudo, o que se grava na lousa sepulcral é o nome que recebeu no baptismo cristão, nome único… As funções que exerceu durante a sua existência acabam, finalmente, por não interessar: o mais importante é que, nessas funções, ele foi… servo de Deus!

Dentre as inscrições cristãs de Conímbriga, para além do cabo de patena de bronze gravado com o nome Emanuel, uma outra nos deve merecer particular realce: o molde circular de bronze, com o diâmetro de 5,5 cm, em que se Vivas in aeternum, «Que vivas eternamente!» 
(Fig. 2 – Foto de Humberto Rendeiro(c)MMC-MN/DGPC - MMC_MN_01274).

Acompanha a frase uma cruz e o anagrama de Cristo com o alfa e o ómega (Cristo princípio e fim…). Servia para a confecção das hóstias. E mesmo que o espaço sagrado – a basílica cristã – não tivesse sido identificado, este singelo sinete era o bastante para documentar aí uma intensa vida religiosa nos séculos VI e VII.

                                    José d’Encarnação

Sem comentários:

Enviar um comentário